meu cachorro avoa
sexta-feira, outubro 26, 2007
  Ximenes
Era pouco antes das sete da noite. O motoboy Rodrigo pegava a marginal em direção a sua casa, quando o radio tocou:
- Rodrigo, tem uma corridinha no teu caminho.
Encostando a motocicleta e sacando sua pequena caderneta, o motoboy anota o endereço:
- Manda Amaral.
- Ali na Moema, numero 547, conjunto 708, procura o Ximenes...
- Tranqüilo, tô correndo!
- Falou moleque!
Em dez minutos, Rodrigo estava saindo do elevador, no setimo andar do edificio procurando o numero do conjunto. Ainda no corredor, um senhor de terno e gravada aproxima-se bastante aflito e pergunta :
- Você é o motoboy que pedi?
Puxando a caderneta do bolso, Rodrigo confirma:
- Qual é seu nome?
- Ximenes.
- Sim, sou o motoboy.
Com as mãos tremulas, Ximenes lhe passa um pacote em papel pardo com o volume de uma caixa de sapatos junto a uma nota de 50 Reais.
- Fique com o troco, o endereço está na etiqueta , quero só urgência...
O motoboy pega o dinheiro e o pacote, os enfia rapidamente na mochila e diz indo rápido ao primeiro lance da escadaria:
- Valeu tio, to indo voando!
A pressa cenográfica acabou dois andares abaixo, quando Rodrigo retirou o pacote da mochila a fim de saber o endereço da entrega e conferir o dinheiro contra a luz:
- Quarenta e cinco pau limpinho! – e estranhou quando olhou a etiqueta batida a maquina de escrever:

Destinatário
A/C de Ximenes.
Av. Moema 547 – Conjunto 702.

- Que porra é essa?? Putz, o endereço é daqui! - Disse em voz alta subindo a escadaria de volta e de dois em dois degraus - Velho burro, meu!
Já no conjunto 708, o motoboy tocou a campainha, bateu e quase derrubou a porta esperando alguém atender. Nada. Dois passos a frente, mesmo corredor, conjunto 702, idem.
Confuso, Rodrigo desce ate a recepção do edifício e conversa com o porteiro

- ...seu Ximenes do sétimo andar, ele me passou o endereço dele mesmo como destinatário!
Com o fone no ouvido, o porteiro fala contrariado:
- Tem coisa errada, o 708 e o 702 estão pra alugar, são salas conjuntas, não tem ninguém faz uns seis meses...
- Cara, tá vendo essa etiqueta no pacote? O velho me passou faz nem quinze minutos!
- Você recebeu um pacote no corredor e agora não sabe de quem é, problema seu! Não tem Ximenes nenhum aqui, esquece e leva essa porra embora, você se enganou. Trabalho aqui há duzentos anos...

Pensativo, Rodrigo sai do edifício e já na calcada, chama pelo radio, olhando o pacote pardo:
- Amaral, confirma o endereço que tu me passou aí.
- O ultimo? Moema 547, conjunto 708. Porque?
- Caralho(!) bicho, que rolo...
- Tudo bem, fica tranquilo, vou dar um jeito aqui, até mais.
Pensando no que tinha acontecido, Rodrigo agora já mais tranquilo pensa no que pode haver no pacote, sente o peso, balança e nem imagina o que pode ser, volta ao endereço mais uma vez e nada, desce até a rua e decide abrir o pacote, lentamente com algum medo vai abrindo, desembala tudo, abre a caixa, um embrulho de jornal, desenrola e o mais surpreendente ele encontra, é um vibrador tipo penis com um pedaço de papel impresso a seguinte frase: "Motoboy tem é tudo que se foder, a nota de R$ 50 também é falsa". Rodrigo agora pensa sobre os retrovisores que já quebrou, carros que já amassou...
- Deve ser alguém que já se ferrou com motoboy.. hehe, vou vazar daqui!

continuação do http://www.abobradiario.blogspot.com
 
quinta-feira, outubro 18, 2007
  Dívida
John Alves, nascido no sertão, filho de mãe sofrida e pai sem vergonha, trabalhava todos os dias desde pequeno, com seu pai num pequeno negócio que naquela região era muito bom, faziam chachaça e fumo de corda, porém seu pai gastava todo o rico dinheiro que faturavam nas zonas da cidade enquanto ele, sua mãe e seus quatro irmãos continuavam sempre na mesma merda. Seus sonhos voavam juntos dos urubus lá no céu enquanto seus pés estavam no chão, ele queria muito mais que aquilo. O tempo passou, seu pai faleceu depois de uma sobredose de cachaça como bom cachaceiro que era, agora John Alves como filho mais velho ficou com o negócio do pai, não gastava todo o dinheiro mas mesmo assim para seus sonhos não dava, cansado da sua vida, um dia resolveu chamar o tinhoso e com ele fez um negócio, pediu dinheiro, fama, vida melhor, ficou famoso, conseguiu se eleger deputado, tinha várias esposas e ainda comia umas putas por ai, ganhou mais de duzentas vezes na loteria e então dinheiro não lhe faltava mais, estava no céu agora como aqueles urubus, seus sonhos realizados e novos sonhos a um estalar de dedos. Fabricar cachaça e fumo ainda fazia, era seu passa tempo, também distribuir renda a cidadezinha onde nasceu e comprar as pessoas de lá, afinal eleitores são importantes. Tempo mais se passou e um dia bateu a sua porta ele, o tinhoso, logo perguntando sobre a dívida contraida, John Alves sem a menor pressa apenas ascenou com a cabeça, desceu até a despensa e lhe entregou trinta quilos de fumo de corda e cinquenta litros de cachaça, o tinhoso ficou com os olhos brilhando, agradeceu e saiu feliz em uma cantoria... "Eita pinga boaaa.. eita fumo bão.. eita pinga boaaa.. eita fumo bão.. eita pinga boaaa.. eita fumo bãooo...."
 
  Nunca Mais!
Catarina, "Catarina boca de lobo" como era conhecida já menina de doze anos de idade então herdou esse apelido, não suportava que a chamassem assim, devido ao seu bafo-de-cachorro-que-fuça-carniça, muito infeliz porque não arrumava um namorado descente, só seres com grau alcoólico invejável até mesmo ao Sr. que trabalha no centro do país, e ela não era feliz, ódio adquiriu, ódio adquiriu de todos, ódio adquiriu do mundo mas tirar a prórpia vida não era sua vontade, gostava de si. Não conseguia arrumar nenhum emprego descente então se embrenhou nos estudos com afinco, passou no concurso público, agora com salário bom e estabilidade conseguiu, dotada de poderes financeiros maiores procurou ajuda, curada do mal do bafo-de-cachorro-que-fuça-carniça está pronta para sua nova fase de vida, arrumar um amor, alguém que dê de tudo que ela não teve, tirar seu atraso, acabar com sua vontade acumulada, beijar na boca e mais... O tempo passou, a primeira impressão e a fama adquirida no passado não lhe traziam nada, não dava nada certo... ódio em seu coração aumentou. Por fim desistiu de tudo, sumiu do mapa foi embora daquela cidade injusta, o tempo passou, agora essa cidade está chocada com assassinatos estranhos, alguém que mata, coloca bosta na boca das vítimas e ainda com sangue assina NMCBL (Nunca Mais Catarina Boca de Lobo). Foi encontrado uma sacola plástica de supermercado cheia de bosta de cavalo no local do crime, a polícia investiga e o medo do "assassino de bosta", assim como dizem, só aumenta.
 
  Segredo
- E ai Fabião, beleza?
- Beleza irmão.
- Mano, joguei na mega sena acumulada, são uns quarentinha milhãozinhos, coloquei o número do meu telefone e a placa do meu carro.
- Ah.. que bosta hein, vai ganhar um nabo.
- Só fiz um jogo, foda-se!
- Tá certo, tem que se foder mesmo.
- Vai zuando, vai..
Na quinta feira Fabião chegou branco para mim, me chamou num canto, e falou...
- Meu amigo, você viu o resultado daquela mega-sena??? Vai toma no seu rabo, sairam os números seus!!!
Tapo a boca do linguarudo e vou conferir, peço a ele ficar tranquilo que vamos juntos fazer o que for. Confiro e não é mesmo que a porra dos números foram os meus, fico maluco, o coração dispara, a boca fica seca, a vontade é de sair correndo e gritar para todos irem se foder de uma vez só, mas me contenho, falo pro Fabião ficar na paz que na sexta eu vou ver o que se faz com o bilhete, irei ao banco, ele diz que é o maior segredo da vida dele, não vai contar nada.
Falto do trampo, fui ao banco da cidade vizinha na sexta e cheguei ao gerente, contei minha história, mostrei o bilhete, o gerente ficou maluco e me chamou em uma outra sala, assinei o bilhete em quatro lugares antes, tirei uma cópia, precaução... Logo o gerente fez os procedimentos e começou a babar no meu pau, puxar meu saco e tudo mais que ele podia fazer para a grana ficar por ali naquela imunda agência.
Pedi a conta do serviço, os dias foram passando e meu amigo Fabião me enchendo o saco para saber o que iria fazer com aquele dinheiro todo, falei para manter segredo que ele ia se dar bem, ele confirmou que ia ficar de bico calado mas parecia que ele não se contentava. O gerente me ligava de uma em uma hora para fechar uma aplicação, um negócio, ele iria ganhar uma comissão violenta, filho da puta isso sim ele. Pensei, logo o mundo todo vai saber, combinei com o Gerente que iria a agência no dia seguinte, ele ficou feliz, gordo dos inférnos. Fui a agência logo quando abriu, vejo que os funcionários estão com uma cara triste, pergunto sobre o gerente Farias e o funcinário me diz que ele sofreu um acidente de automóvel, estourou o pneu e caiu em uma ribanceira, faleceu, digo que sinto muito e vou para a casa, almoço, tiro uma soneca, digo a esposa que a minha rescisão saiu, dou uns dois mil a ela para fazer uma compra do que querer, feliz da vida ela ficou, fez amor comigo na mesma hora, seus olhos brilhavam olhando o monte de cinquenta reais, gozou rapidinho de tanta felicidade. A tarde combinei com o Fabião de a noite dar um rolê num puteiro na beira da cidade para nos acertarmos. A noite chegou despistei minha mulher, fui com meu carro e o Fabião com o dele, chegando, logo conversamos, ajustamos umas coisas ele ficou super feliz, tomou todas, ficou mais bebado que um gambá, voltamos para a casa, cheguei tranquilo, fui dormir e minha mulher pediu para fazer amor, estava com uma roupa toda estilosa... Quando acordei veio o Nestor me dar uma notícia cabulosa.
- Mano, o Fabião se fudeu, morreu, estava com o carro cheio de latinha de cerveja, capotou o carro.
- Nossa amigo...
Fiquei mal e falei que ia me trocar para sair, ver o que tinha que ser feito para o enterro, ajudar.
ENtrei em casa tive um sorrizo lembrando de uma frase "Se quer manter um segredo entre três pessoas, mate duas!"
 
Um conteúdo sobre o pensamento e diversidades da vida, seu conteúdo pode ser meramente ilustrativo e/ou mentiroso.

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